A máquina invisível – Quem dita as Regras

A máquina invisível – Quem dita as Regras

Quem dita as regras?

Lembro de um jogo que brinquei bastante na infância — conhecido por nomes como Adedonha, Stop ou Uestope. A gente definia um conjunto de categorias: nome, país, fruta, cor, minha sogra é. Com uma folha de papel, traçávamos colunas, escolhiamos uma letra e começávamos. O tempo corria, a mente trabalhava. Qual fruta começa com a letra “O”? Orangelo, talvez. De repente, alguém gritava “Stop!”. Contávamos os pontos. Passávamos para a próxima rodada. Era divertido. Mas havia uma estrutura clara: alguém criou aquele jogo. Alguém decidiu as regras. E na vida real? Quem desenha esse jogo? Quem decide os movimentos, quem vence — e quando o jogo termina?

Considere uma situação — hipotética, talvez nem tanto: Um grupo de jovens sai de uma festa de aniversário. Já é madrugada, hora de voltar para casa. Se despedem, entram no carro, seguem viagem. A cidade está quase vazia, os semáforos piscam. Do outro lado da cidade, um segundo motorista também está voltando. Mas, ao contrário deles, ele vem de um bar — embriagado, em alta velocidade. Cruza uma preferencial. Não freia. O acidente é inevitável. Os jovens morrem. O motorista foge sem prestar socorro.

Agora imagine que esse motorista seja um político influente. Com contatos. Com sobrenome. A justiça manteria o mesmo peso? A balança se inclinaria do mesmo jeito? Aqui, confesso: sou cético. E talvez não esteja sozinho.

E mesmo quando o culpado tem rosto, há os que se escondem. Não estão nos palanques — estão nas sombras. Não se elegem — mas elegem. Elites que moldam decisões nos bastidores. Bancam campanhas. Cancelam pautas. Redesenham leis. Até que a palavra “democracia” vire apenas um adereço bonito de discurso. O jogo parece viciado. Quem tem poder, faz as regras. Depois se esconde atrás delas.

Deixe um comentário