O poder sem rosto
Roma é um daqueles lugares onde é possível ver a história com os próprios olhos Ali, parte do passado segue preservada há milênios. Ao caminhar pelas ruas da cidade, não é difícil encontrar estátuas de imperadores: rostos talhados em mármore, símbolos de um tempo em que o poder tinha forma, nome, identidade. Apesar da fachada republicana, o império era governado de forma autocrática.
Augusto, o primeiro imperador — político e diplomata;
Tibério, sábio e cauteloso;
Calígula, extravagante e cruel;
Cláudio, inteligente e estudioso;
Nero, culto e paranoico;
Vespasiano, militar e pragmático.
Todos deixaram suas marcas, o povo sabia quem mandava. Sob o comando de alguns, pessoas eram lançadas às feras no Coliseu — a morte de uns era o espetáculo de outros.
Hoje, o cenário de poder é diferente. Não há mais estátuas nem nomes tão evidentes. Em vez disso, há quem sinta prazer em humilhar o entregador ou dar carteirada no trânsito — como se isso bastasse para se sentir poderoso. Mas isso não é poder, é só o eco de uma insegurança mal resolvida. O verdadeiro poder não grita. Ele se cala — e se esconde. Quem realmente manda, raramente aparece no noticiário, está por trás dele.
E o mais perverso é que ninguém mais precisa obrigar ninguém a defender o sistema. As pessoas já aprenderam a fazer isso sozinhas. Não pela força — mas pelo conforto, pela propaganda ou pelo medo. O poder de hoje não precisa de coroas e cetros. Basta que o povo continue sussurrando em obediência. Como ovelhas que não questionam, não se opõem — apenas seguem. Mesmo que estejam marchando em direção ao precipício. Se poucos ditam as regras… Quem são os que as cumprem sem sequer perguntar por quê?

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