A Ilusão da Escolha – Máquina da ilusão

A Ilusão da Escolha – Máquina da ilusão

Máquina da ilusão

E lá vamos nós, mais uma vez, escolher nossos representantes. O governo do povo — dizem. Mas até que ponto somos realmente livres? Ou apenas fazemos escolhas dentro de um catálogo pré-aprovado? De tempos em tempos, vestimos o figurino e subimos ao palco. Encenamos liberdade ao teclar os botões da urna. PIRILILILI. O som da democracia. Ou do teatro.

Ser o próprio chefe parece interessante: definir o próprio salário, os dias de folga, as férias. Ironicamente, é justamente isso que muitos dos que nos “representam” já fazem. Ajustam seus próprios salários, ampliam benefícios, aprovam aumentos com a mesma facilidade com que assinam um ofício. Tudo corriqueiro — palavra que, aliás, também significa algo banal.

Não é raro ouvir que o salário, atualmente por volta de R$46 mil, não está sendo suficiente. Enquanto isso, há quem viva com um salário mínimo por mês. Deputados, senadores, magistrados — alguns ganham muito mais que isso, somando auxílios, verbas, cotas. “Estamos perdendo poder de compra”, dizem — com um contracheque dezenas de vezes maior que o salário mínimo.

E o povo? Segue ocupado, distraído. Há uma prefeitura por aí que, vez ou outra, patrocina shows faraônicos com grandes artistas. Fogos, telões, selfies. Atraem multidões. O curioso é que, nessa mesma cidade, há uma guerra acontecendo. Traficantes, milicianos e polícia. Tiros ecoam nas madrugadas, nas vielas das favelas. Corpos desaparecem antes do café da manhã. Mas a praça central recebe fogos e festas. Por algumas horas, a dor coletiva desce o volume. A música sobe e o corpo vibra. A anestesia vem em alto-falantes. Apagamos o incêndio com pirotecnia.

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